O justiceiro invisível. Por: Drº José Araújo Sobrinho


Meu genitor Agostinho Bráz contou-me algumas histórias sobre o cangaço. As razões sociológicas só as compreendi muito tempo depois. Diz a máxima:

"Nada é por acaso". Lampião tinha no seu íntimo suas motivações: rancor, revolta e justiça. O tempo passou com a velocidade de um cometa. Muitas potências nos planos militar e econômico surgiram, todavia vários sentimentos permanecem latentes: o ódio, a desigualdade social, a intolerância (religiosa, política e sexual) e a falta de solidariedade. Temos uma distribuição de renda perversa que concentra muito nas mãos de poucos gerando insatisfação, distorção , luta de classes e dificuldade para enfrentar as adversidades do cotidiano. Então aparece uma fita de RNA em volta por uma camada de gordura em forma de uma coroa ( Covid-19) para estremecer os parâmetros da racionalidade. Esse vírus é um covarde e justiceiro. Migrou de sua toca chinesa para o mundo sem parcimônia e nem licença ambiental. Mostra-se impiedoso justamente com aqueles indivíduos já combalidos pelo tempo. Bactérias, vírus e fungos agem assim penalizando os mais fragilizados imunologicamente. 

Talvez nesse tempo de dor sejam possíveis algumas reflexões: sobre a vida, a liberdade, a solidariedade, o amor , a família e a ganância. O mundo encontra-se imobilizado por um inimigo invisível. Esse pequeno ser pode ser transformado tanto pela ação do homem como da própria natureza. Não é momento para juízo de valor. A natureza nem sempre se revela generosa. Vez por outra exprime sua hostilidade e rebeldia. Evitemos a carona do Covid-19 encampando as recomendações exaustivamente divulgadas.


José Araújo Sobrinho

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