Juiz conscientiza jovens e adolescentes sobre a não disseminação de pornografias nas redes sociais, em Itaporanga
Para o Juiz Antônio Eugênio Leite, titular da 2ª Vara da Comarca de Itaporanga (PB), uma preocupação que vem a cada dia aumentando é o uso abusivo de celulares pelos jovens. Segundo ele, se prestarmos atenção nas mesas onde os pais estão sentados com seus filhos, é muito provável que um deles estará teclando com seus amigos e o pai/mãe fica de vitrine, como se tivessem de enfeite. A comunicação é quase nula.
Essa preocupação do magistrado fez com que ele ministrasse uma palestra, de um ciclo que irá promover a partir de agora em escolas na cidade de Itaporanga e pela região.
Na tarde desta quarta-feira (15), Antônio Eugênio foi recepcionados por alunos e funcionários do Colégio Diocesano Dom João da Mata, onde apresentou debateu o problema e alertou os participantes da palestra sobre a sua preocupação.
“Quando os adolescentes estão sozinhos e comendo em lugares públicos, a impressão que da é que a comida é um acessório insignificante, onde ao menos se percebe o gosto daquilo que está sendo digerido, pois o importante mesmo é se fazer presente nas redes sociais com os amigos ou paqueras”, comenta.
Eugênio ressalta ainda que são inegáveis os benefícios que o celular pode oferecer, inclusive tem auxiliado os pais na segurança dos filhos como os lugares onde estão, com quem estão e outros, mas enfatiza que o uso exagerado desse instrumento pode ser um meio de fuga dos problemas, dependência ou um meio de se sentir aceito pelo grupo.
“É de suma importância destacar que o abuso sexual também acontece pela internet. Como isso é possível? Explico: usam nomes e rostos falsos para criar perfis fictícios ou fakes nas redes sociais, para então se misturarem a outros jovens. Usando linguagem simples, com as gírias típicas, publicam fotos em lugares paradisíacos, vídeos de festas, ostentam bens. Em pouco tempo, chegam a ele as solicitações de amizade de pessoas reais”, disse.
O debate do juiz levantou ainda alguns questionamentos, a exemplo de relacionamentos com pessoas desconhecidas através da internet, e ele respondeu.
“Aceitando a amizade, o criminoso se aproxima da criança ou do adolescente por meio de bate-papo on-line, estabelecendo uma relação de confiança. E dessa confiança, o criminoso convence a vítima a fazer selfies usando roupas íntimas, nua ou seminua, em posições eróticas ou até mesmo pornográficas. Muitos jovens caem no golpe. As imagens vão parar em redes de pedofilia que operam na ia dark web (internet oculta), e usadas como moedas de venda e troca. Há casos em que o criminoso se revela para a vítima e obriga-lhe a fazer mais fotos, sob a ameaça de publicar as imagens constrangedoras nas redes sociais. Muitos adolescentes entram em depressão e até cometem suicídio. Tem sido uma constante sabermos de notícias de jovens que se suicidaram por este motivo”, pontua.
Ao término da palestra, Eugênio disse que a principal arma contra o abuso sexual de crianças e adolescentes por meio da internet é a prevenção, e começa em casa.
“Saber com quem seus filhos estão falando nas redes sociais não é invasão de privacidade. É proteção. Acredite: o diálogo franco e aberto pode salvar seu filho das garras dos abusadores sexuais”, finalizou.
O Juiz pretende estender esse debate nas escolas com alunos e profissionais da educação, para que possam incentivar os pais a combaterem esse tipo de crime.