Em Itaporanga, mulher descobre que é dona de uma casa sem nunca ter tido moradia própria

Angústia, constrangimento, frustração. Esses são sentimentos que povoam a vida da agente comunitária de saúde de Itaporanga, Francisca dos Santos Lima, desde que descobriu ter sido vítima de uma fraude orquestrada pela Prefeitura de Itaporanga junto com o Banco Paulista, de São Paulo.

Cilene, como é conhecida, descobriu o problema quando foi efetivar o seu cadastro para aquisição de uma casa pela Caixa Econômica Federal através do Programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. 


O imóvel já tinha sido escolhido por ela e a aquisição aprovada pela Caixa, mas tudo se desmoronou: “Cheguei ao banco certa de ter minha casa própria, e o que ouvi é que não iria dar certo porque eu já era beneficiária de um imóvel em outro programa de moradia. Isso foi muito doloroso pra mim, passei noites sem dormir e tenho sofrido muito”, disse Cilene, que é martirizada também pelo sentimento de impotência por não saber o que fazer: já procurou a Prefeitura e o Banco Paulista, mas nada foi resolvido.

A casa que ela iria adquirir custaria 80 mil reais, dos quais 72 seriam financiados pela Caixa, mas não deu certo. “Você passa a vida toda sonhando com uma coisa e, quando está perto de ter aquilo realizado, o sonho vira pesadelo: é isso o que aconteceu comigo”, contou ela. Ao narrar que, tomada de satisfação, escolheu a casa que iria comprar e até já estava cuidando da pintura do imóvel certa que aquela seria sua residência, e terminou sofrendo uma profunda frustração.

Mas a raiz desse problema está em 2007, quando Cilene fez um cadastro na Prefeitura para o Programa de Habitação Social (PHS), do Ministério das Cidades. Em parceria com o Banco Paulista, responsável pelo financiamento habitacional, o município cadastrou 150 pessoas para receberem casas populares, mas Cilene nunca soube que tivesse sido beneficiada e, de fato, nunca recebeu o benefício, embora o nome dela apareça como proprietária. “Eu quero saber quem ficou com minha casa”, desabafou.

E ela não é a única vítima da fraude: uma outra colega de serviço público, Valdirene Carneiro, e seu esposo, Francisco de Assis Bono Franco, também vivenciam a mesma situação. Eles descobriram a irregularidade há dois anos quando igualmente foram adquirir um imóvel financiado. De lá para cá, lutam na Justiça para retirar seus nomes do cadastro irregular, mas uma solução parece ainda distante.

No entanto, uma esperança para as duas famílias ressurgiu na manhã desta quinta-feira, 18, quando Cilene e Valdirene procuraram o Ministério Público de Itaporanga. A Promotoria de Justiça vai investigar o caso, que envolve dinheiro do contribuinte, uma vez que o poder público desembolsou recursos para quitar o financiamento imobiliário. “A promotora nos recebeu bem, pegou todos os documentos e disse que iria acionar até a Polícia Federal”, comentou Cilene.

www.folhadovali.com.br
Tecnologia do Blogger.