Interiorização da Assistência Médica. Artigo de Drº José Araújo
A discussão acerca da colocação de profissionais de saúde em
locais afastados dos centros maiores não é de hoje. As tentativas são
conhecidas: Programa ou Estratégia de Saúde da Família, Mais Médicos e, por
último, Médicos pelo Brasil.
A criação de uma carreira federal poderá motivar a categoria
para optar por regiões mais distantes. Os fundamentos elaborados no projeto que sequência os anteriores contempla aspectos já pleiteados no passado e não
referendados. O defensor da ideia saiu do Ministério da Saúde e o surgimento
dessa pandemia do coronavírus ofuscou a implementação da iniciativa.
O Brasil é um país de dimensão continental com disparidades
regionais sedimentadas e realidades distintas. Não basta tão somente remunerar
esses técnicos com salários vantajosos. Outros ingredientes estão no caminho:
condições de trabalho, educação da comunidade, políticas públicas republicanas,
investimentos em estruturas sanitárias e o intento pessoal de cada um.
Uma coisa é o atendimento ambulatorial, outra é a
assistência hospitalar na vigência de casos complexos. Vislumbrar práticas
médicas eficientes e uniformes para todos é um devaneio. Deveria ser um
preceito ou direito, porém a melancólica face do cotidiano revela outro
universo.
O SUS com todas as limitações sabidas tem exercido um papel
fundamental no enfrentamento desse inquilino indesejável. Fortalecer a atenção
básica e aparelhar as unidades públicas nos municípios polos nos planos humano
e estrutural, consiste em um tremendo desafio.
A execução dessas ações depende de recursos financeiros,
vontade política de gestores e legisladores, mobilização da sociedade e
conhecimento de causa. As promessas oficiais nem sempre são cumpridas. Há uma
distância oceânica entre a pregação e a realização dos atos.
A proliferação de faculdades privadas de medicina não tem
gerado a expectativa de fixação desses jovens em áreas mais longínquas. Já se
lançou mão até de colegas cubanos em que pese o viés ideológico na época da
contratação.
Como reflexão fica o pensamento: A esperança não é um sonho,
mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade. (Suenens).
Por: JOSÉ ARAÚJO