Sonho de Juiz: Por Teomar Almeida



Do menino do sertão
Das brenhas da Paraíba
No sítio canto de riba
Nasceu o último varão

A casinha sem reboco
Num lugar tão esquisito
Um ninho de periquito
Em mourão de tronco oco

A luz, só de candeeiro
Banheiro em moita fechada
O velho amola a enxada
Debaixo do juazeiro

A vida era bem singela
E o sonho, tão pequenino
Travessuras de menino
E a correção na chinela

A mãe tão batalhadora
Acreditou no menino
E cantou o seu destino
Uma pobre sonhadora

O pai de um braço só
Não conhecia limites
Nunca sofreu de artrites
Mais forte que mororó

Moleque trabalhador
Estudar, não era afeito
Não parou e tomou jeito
No sofrimento e na dor

Novolindense arretado
Do vale do Piancó
No pingo d’água, deu nó
No sonho, compenetrado

Desejou e chegou lá
Na praça Frei Damião
Bozó e ”carrim” de mão
Jamais pensou em parar

A recompensa chegou
Degrau em degrau subiu
E porque não desistiu
O menino hoje é doutor

* TEOMAR ALMEIDA DE OLIVEIRA *
Juiz de Direito – Comarca de Senhor do Bonfim / BA
Natural de Nova Olinda / Paraíba

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