Músico é vítima de racismo em Itaporanga e queixa-se de omissão policial
O músico Daniel Leite Fernandes (foto), de 27 anos, está triste e, ao mesmo 
tempo, indignado: primeiro com as agressões racistas que sofreu de sua ex-sogra 
no último sábado, 5, e, depois, com a omissão policial. Ele diz que, apesar do 
racismo ser um crime inafiançável, os policiais ignoraram a gravidade do delito 
e a agressora ficou impune.
O músico, que procurou a redação da 
Folha-online na noite desse domingo, 6, narra que foi agredido repetidamente em 
via pública pela ex-sogra com termos racistas, como “negro”, acompanhados de 
adjetivos difamatórios e expressões injuriosas. Morador da Rua Mãe Borrego, 
centro de Itaporanga, ele disse que foi agredido inicialmente pela manhã, quando 
foi buscar sua filha, uma menina de dois anos, para passar o dia com ele. 
“Primeiro, eu procurei a delegacia, e os agentes me atenderam bem, mas disseram 
que não podiam fazer nada porque não havia delegado nem escrivão”, lamentou o 
jovem, ao informar que várias pessoas testemunharam o crime.
À tarde, 
quando foi deixar a criança na casa da avó, novamente foi agredido pela ex-sogra 
com termos racistas. “Não reagi às agressões dela, apesar de humilhado e 
atingido moralmente na frente de várias pessoas, e o que fiz foi ligar para o 
190 e chamar a Polícia Militar, mas também não adiantou nada”, comentou o rapaz. 
Conforme ele, uma guarnição esteve no local, mas os policiais disseram que não 
havia o que fazer porque a mulher não estava armada nem o tinha ameaçado e que 
ele procurasse a delegacia. “Depois que os policiais saíram, ela ficou rindo de 
mim e eu fui embora me sentido muito mal”.
Daniel conta que outra vez 
procurou a delegacia e, novamente, os agentes disseram que não havia o que fazer 
e orientaram a vítima a voltar na segunda-feira. Apesar de não ter encontrado a 
resposta que necessitaria de nenhuma polícia, o jovem diz que não vai desistir 
de buscar os meios legais para que o crime que sofreu seja punido como determina 
a lei penal. “Estou muito triste e indignado com tudo isso, mas estou sendo bem 
orientado, procurei, inclusive, uma advogada, que me disse como eu deveria me 
proceder”, comentou ele, ao argumentar que o que despertou a ira da ex-sogra foi 
uma queixa que ele fez em relação aos cuidados com a criança: “como pai, não me 
senti bem ao ver minha filha naquela situação e me queixei que a menina não 
estava sendo bem cuidada, foi aí, então, que a avó começou a me atingir com 
agressões racistas".
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