Natural de Santana dos Garrotes, Fundador do Correio da Paraíba, Teotônio Neto completa 95 anos

Há 95 anos nascia, em Santana de Garrotes, Sertão paraibano, um menino que mudaria a história da imprensa paraibana, na condição de jornalista e empresário do setor de Comunicação. Aos 35 anos, Teotônio Neto, filho de Francisco Teotônio Filho e Maria Silva Lima Teotônio, fundou o jornal Correio da Paraíba. 

O mês era agosto e o ano era 1953. O País era presidido por Getúlio Vargas que, um ano depois foi manchete do jornal de Teotônio Neto em consequência do seu suicídio no Palácio do Catete. Na época, a Paraíba era governada por José Américo de Almeida, que no mesmo ano se tornara ministro de Vargas, retornando ao Estado após o suicídio, fato registrado nas páginas do Correio, que viria a se tornar, anos mais tarde, no maior e mais lido veículo impresso da Paraíba. 


Teotônio também fez parte da história política da Paraíba. Começou como deputado federal pelo PSD, em 1963. o PDS foi substituído pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), após o golpe militar, para dar sustentação ao governo. Os outros mandatos, que se estenderam até 1979, foram pela Arena. Na época, ele adotou como bandeira a política do desenvolvimento da Paraíba. Na Câmara dos deputados, ele foi segundo suplente da Mesa, de 1973 a 1974. Participou da Comissão de Relações Exteriores, entre 1971 a 1975, e no mesmo período, foi suplente da Comissão de Segurança Nacional. 

Em Santana dos Garrotes, Teotônio Neto ainda tem vários primos e parentes, a exemplo do ex-prefeito e médico, Willame Teotônio.

Empreendedor vocacionado

A vida de Teotônio Neto se mistura com a história paraibana. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como balconista na Lojas Paulista, mas sua liderança nata o levou rapidamente ao cargo de gerente. A vocação empreendedora falou mais alto e, em 1944, fundou a sua primeira firma. 

Na área da Comunicação Social, Teotônio Neto chegou a colaborar com o jornal A Imprensa, mas sua contribuição para o jornalismo, segundo os historiadores, foi maior.
 
No dia 5 de agosto de 1953, aniversário da Capital, fez circular a primeira edição impressa do Jornal Correio da Paraíba. Em 1966, ampliou sua atuação nos meios de comunicação, levando ao ar o Rádio Correio da Paraíba AM. 
 
No jornal Correio da Paraíba, Teotônio fazia questão de acompanhar a produção do noticiário do dia, participando ativamente da elaboração das notícias que ajudaram a construir a realidade social paraibana. Em épocas em que a liberdade de imprensa era ceifada, a redação do Correio buscava a verdade e a credibilidade em prol de uma sociedade democrática, mais justa e humana. 

Cooperativa

Como parlamentar, Teotônio Neto fundou a Cooperativa Mista do Vale do Piancó, visando o crescimento e desenvolvimento da região onde nasceu. Durante os mandatos de deputado, Teotônio defendeu os interesses econômicos da Paraíba e lutou pelo desenvolvimento do Estado.

Participou do 1º Congresso Feminismo (Participação da Mulher Brasileira na Vida Pública), em Porto Alegre, em 1973. Ele viajou as fronteiras oeste e norte do País, em 1973, a fim de conhecer a situação naquelas regiões. 

A formação superior de Teotônio aconteceu nos Estados Unidos, onde se formou em Administração. Além da vocação ao empreendedorismo, Teotônio Neto também foi presidente da Sociedade Literária Rui Barbosa e diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde vive atualmente.

Amigos há mais de três décadas

Há 35 anos, o empresário Roberto Cavalcanti comprou um dos legados de Teotônio Neto, o jornal Correio da Paraíba, transformando-o no Sistema Correio de Comunicação, interligando jornal impresso, emissoras de rádio e televisão. Desde então, os dois visionários tornaram-se amigos. 

Para o ex-senador, Teotônio Neto é um gênio, um prodígio e um humano diferenciado e sempre adiante do seu tempo, do qual ele tem o privilégio de ter como amigo. Roberto Cavalcanti recordou que Teotônio visualizou dezenas de oportunidades empresariais na Paraíba, cada uma de forma pioneira a seu tempo. 

Ele criou o primeiro banco a operar com um caixa de depósito 24 horas, projetou uma indústria de fios finos para aproveitar o algodão, uma matéria-prima que, até então, tinha em abundância no Estado e plantou amoreira no Sertão para criação do bicho-da-seda para produzir a seda na Paraíba. 

“Quando conheci Teotônio Neto, há 35 anos, ele me disse para que eu prestasse atenção na China e me aproximasse dela, pois seria uma grande potência do mundo. Hoje, brasileiros que entenderam o potencial da China, há menos de 10 anos, são considerados pioneiros. Imagine Teotônio, que teve essa visão há 35 anos. Isso é um exemplo de sua genialidade. Trata-se de um prodígio, um humano diferenciado e eu tive o privilégio de conhecê-lo e tornar-me amigo. Não é comum tornar e permanecer amigo de um cidadão no qual você comprou a sua empresa. Mas a nossa não, tornou-se mais próxima, íntima e amiga. Não sou amigo apenas de Teotônio, mas de seus filhos, netos e bisnetos”, afirmou Roberto Cavalcanti.
A genialidade de Teotônio vai além do empreendorismo e chega aos cuidados com sua saúde, conforme recordou Roberto Cavalcanti. Em um momento de sua vida, ele decidiu morar num apartamento de sua filha, no Rio de Janeiro, a fim de evitar acidentes, como queda “que mais mata velho”, contratou uma nutricionista e um personal trainner para acompanhá-lo diariamente. “Isso reflete na vida dele hoje. Qualquer pessoa que deseje checar minhas informações, basta ligar para ele, no Rio de Janeiro, e vê-lo atender com bastante presteza”, disse.

Comemorando oportunidades

Tetônio Neto disse, nessa quarta-feira (27), que chega aos 95 anos de idade celebrando a vida e comemorando as oportunidades de sucesso que Deus lhe deu ao longo dos anos e que teve a capacidade de aproveitá-las. Entre elas, a de ter conseguido concretizar uma promessa feita na juventude ao Padre Carlos Coelho, um dos diretores do Jornal Imprensa, que foi a de fazer um jornal para o jornalismo da Paraíba.

O fundador do Correio da Paraíba, que mora hoje no Rio de Janeiro, no bairro do Jardim Botânico, lembrou que veio do interior para João Pessoa aos 21 anos e conseguiu um emprego no Jornal Imprensa, de propriedade da Igreja Católica, onde atuou como repórter. No entanto, por conta de problemas entre ele e o interventor do Governo Getúlio Vargas, as atividades do jornal foram suspensas por três dias, chegando a fechar as portas em definitivo, o que o levou a trabalhar no comércio da Capital.

“Quando fui me despedir do diretor, o padre Carlos Coelho, eu disse: Padre, sou jovem ainda, e vou lutar, trabalhar muito para um dia fazer um Jornal para fazer jornalismo na Paraíba, para levar informação para todo o Estado. E a promessa foi cumprida anos depois”, revelou.

Teotônio ressaltou que por conta de seu conhecimento, em pouco tempo, conseguiu montar seu próprio escritório de representação, na qual conseguiu firmar uma parceria com uma firma americana, sediada em Nova York, para exportação de minério. “A parceria deu certo. Fui para Nova York, passei 100 dias. Cheguei lá falando apenas Yes e OK, em inglês. Mas sai fazendo verdadeiros discursos, dominando a língua, o que facilitou a ampliação dos negócios. Além de exportar, passei a importar farinha para comercializar no Nordeste e no Rio de Janeiro. Eu tinha na época 28 anos de idade”, relembrou.

De acordo com Teotônio Neto, o sucesso de sua atuação como representante comercial internacional foi tanto que passou a exportar o minério, com exclusividade para o Governo americano, e importar a farinha para o Brasil. “A importação da farinha dava muito lucro. Eu abastecia todo o Nordeste setentrional (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte) e parte do Sudeste, e por isso tinha que me desdobrar no eixo João Pessoa, Nova York e Rio de Janeiro. Passava dois meses no Brasil e dois nos Estados Unidos. A vida foi fluindo, cresci, desenvolvi e consegui fundar o Jornal Correio da Paraíba, do qual me orgulho muito e tenho a certeza que está em excelentes mãos”, ressaltou.

Festejos com a família

Teotônio Neto disse que chega aos 95 anos muito feliz, por está vivo, com saúde, e de olhar para trás e vê que conseguiu realizar muitas coisas, entre elas, a de fundar o Jornal Correio da Paraíba, que leva informações de qualidade aos paraibanos. 

“O povo que tem a oportunidade de se informar, tem a oportunidade de se desenvolver ainda mais. Estou muito feliz em chegar aos 95 anos, com a certeza que o Jornal Correio da Paraíba, que fez 60 anos, chegará aos 100, ou mais, com está qualidade e eficiência de sua equipe liderada pelo meu querido Roberto Cavalcanti e sua filha Beatriz Ribeiro, que tão bem vem conduzindo o jornal”, declarou o aniversariante, que vai comemorar a data com um jantar em família, no Rio de Janeiro, mas com muita saudade da Paraíba.

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