Batata doce, o novo “ouro” do sertão. Cidade de Conceição no Vale do Piancó é destaque em produção no estado da Paraíba



O baixo custo de produção, a rusticidade do cultivo, o alto potencial produtivo e o valor alimentício da batata-doce são fatores relevantes para sua utilização, principalmente na Agricultura Familiar.

O cultivo da batata doce em diversas propriedades rurais do município de Conceição representa um novo suporte sócio-econômico, de alta importância para uma região tão pobre e de poucas oportunidades para ao agronegócio da agricultura, em função das constantes secas e climas adversos, além da baixa tecnologia dos produtores rurais. Por outro lado, essa cultura garante a renda aos agricultores, através da venda do produto, semanalmente.


A batata doce é rica em carboidratos(principalmente amido) e vitamina C e do complexo B. O cultivo dela é uma das formas que ajudam a manter os produtores rurais e suas famílias no campo, visto que nesta atividade, utiliza-se a mão-de-obra-familiar.

A cidade de Conceição descobriu na batata doce o novo “ouro do sertão”. O município já é o maior produtor do cultivo do estado da Paraíba.

As primeiras mudas, que transformaram a história de um povo sofrido, vitimado pela escassez do algodão, que durante muito tempo representou a esperança do homem do campo, na região, foram trazidas da região do Brejo paraibano, pelo radialista Benício Diniz, há mais ou menos, de 13 anos atrás. Na época o radialista foi chamado de louco, pois os agricultores da cidade, ainda não tinham descoberto a importância e rentabilidade que o produto poderia trazer para as famílias do município.

De lá para cá, aos poucos, novos agricultores começaram a apostar no cultivo e a produção no município foi aumentando, de forma gradativa. 

Há cerca de dois anos, o plantio deixou ser uma incógnita e passou a fazer parte da opção de diversos produtores rurais. Hoje, a agricultura predominante na cidade é o cultivo de batata doce.
A demanda aumentou e incentivou o ingresso de novos produtores na atividade, culminando com a elevação da produção, o que colocou a cidade de Conceição como a maior produtora do cultivo de batata doce da Paraíba.

A reportagem do portal VPN visitou diversos produtores de batata doce, na cidade e descobriu os gastos e lucros obtidos com a plantação das mudas e colheita das raízes. De acordo com o agricultor José Nildo Gomes Vidal, que é irmão de um dos maiores produtores do cultivo na cidade, Antonio Gomes Sobrinho, em 8 mil mudas, as despesas com o plantio, cultivo e colheita são, em torno, de 5 mil reais. Ele explicou que à cada mil “muros”, são retirados, em média 40 sacos de 50 km do produto. À preço do dia 18 de outubro, dia em que foi feita a reportagem, cada saco é vendido aos compradores que vêm de vários lugares, sobretudo da região de Petrolina-PE, por R$ 40,00. Fazendo a soma, no final da produção do plantio de 8 mil “muros”, o agricultor arrecada, em torno de 12,8 mil reais.

José Gomes disse à reportagem, que durante o ano de 2013, ele e seus irmãos, já arrancaram 30 mil “muros” de batata doce das suas terras. Os números colocam a família como uma das maiores produtoras da cidade. Ele disse ainda que eles esperam arrancar ainda 15 mil “muros”, até o final do ano.
Agricultor José Nildo Gomes Vidal

Além da família do agricultor José Gomes Vidal, várias famílias optaram pelo cultivo da batata doce na cidade de Conceição, o que resultou no aumento da produção e elevou o município para o topo da produção no Estado.

O cultivo se proliferou pelos sítios: Roçado, Saco da Ingazeira, Baraúnas, Inveja, Posse, Malhada da Baraúna, entre outros. Mas tudo começou na comunidade Maria Soares, como afirmam vários agricultores. Segundo eles, depois que o radialista trouxe as primeiras mudas para o município, a família do senhor Jesus, que mora na comunidade Maria Soares, apostou no cultivo, que foi copiado, sabiamente, por muitos agricultores. No sítio roçado, a família Brito detém a maior produção. Já no sítio Saco da ingazeira, o prdutor Deda Virgulino, plantou mais de 30 mil "muros" de batata.
O agricultor disse ainda que o saco da batata doce já chegou a ser vendido por 70 reais, resultando na melhoria de vida de muitas famílias do município.
Mas, nem tudo são flores para os agricultores do cultivo da batata, na cidade de Conceição. Faltam incentivos para a produção, investimentos dos bancos, política agrária, que possa custear as despesas dos agricultores
De acordo com Jeová, que tem um cultivo no município vizinho de Ibiara e fornece sua produção para Antonio Gomes, que repassa para os compradores de outros centros, não existe nenhum incentivo do Banco do Nordeste, que é um banco ligado a ágricultura. Segundo ele, que plantou 32 mil "muros" e está começando a sua colheita, todas as despesas com o cultivo foram por conta própria.
Foto na propriedade do plantador Jeová, que está ao lado direito da tela

Em contato com o prefeito da cidade de Conceição, Nilson Lacerda, a reportagem foi informada pelo próprio gestor, que a prefeitura vem disponibilizando o corte de terra para os produtores de batata doce no município e abrindo cacimbas e perfurando poços, para que a água, que é essencial para o cultivo da batata, ajude na produção.

O prefeito disse ainda que existe um projeto para que no ano de 2014, seja criada a “festa da batata”, no município, em parceria com a Emater e o Sebrae. Ele lamantou a seca e a falta de controle da saída do produto do município. Segundo o prefeito, a prefeitura estuda uma maneira de criar um mecanismo para contralar e saber com exatidão a quantidade da produção, através de um controle da saída da batata da cidade de Concxeição, que segundo ele, ainda é feita de forma clandestina.
Recentemente, o secretário da Agricultura do Município de Conceição, Jundivo Lacerda, mandou fazer um bolo guigante de batata. Além de bolo, da batata é feito doce e outras iguarias.

O Estado da Paraíba é o maior produtor do Nordeste e o quarto produtor brasileiro de batata-doce, com uma área de 6.641 hectares, produção de 59.971 toneladas/ano e rendimento médio de 9.030 kg/ha, correspondendo a 33% da área plantada com esta cultura no Nordeste (IBGE, 2007).

No Estado, essa cultura tem grande importância alimentar, econômica e social, por ser uma fonte de alimento energético e auxiliar na geração de emprego e renda, contribuindo para a fixação do homem no meio rural. O aproveitamento de adubos orgânicos de origem animal (esterco e biofertilizante) é de fundamental importância para o desenvolvimento e crescimento das culturas exploradas pelos pequenos e médios produtores, em função dos seus baixos custos e dos benefícios destes na melhoria da fertilidade, conservação do solo e maior aproveitamento dos recursos existentes na propriedade.
A cultura batata-doce responde à aplicação de nutrientes, quando aplicado corretamente. Santos et al. (2006) alcançaram aumentos na produtividade total e comercial de batata-doce com a aplicação de esterco bovino, respectivamente. Barbosa (2005) obteve produtividade de 20 e 17,01 t/ha, em função das doses de esterco bovino na presença do biofertilizante, aplicado na folha e no solo, respectivamente.

Apesar do reconhecimento unânime do valor da cultura na estratégia de segurança alimentar da região, as produtividades auferidas pelos produtores rurais são baixas, estando associadas a diversos fatores do sistema produtivo.

Assim como a família Gomes, várias famílias da cidade de Conceição descobriram na batata doce o substituto do algodão, que durante muito tempo representou o “Ouro” do povo nordestino.
Resta, tão somente, que as autoridades abram as portas e incentivem o cultivo e produção da batata doce no município de Conceição, para que a cidade apareça de vez e a sua economia cresça na mesma proporção.

De acordo com o agricultor José Gomes Vidal, a cidade de conceição exporta para outros grandes centros, cerca de 2 mil sacos de batata, por semana.

Fonte: Gilberto Angelo
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