Denúncia de trabalho escravo em casas da Funasa em Piancó. Beneficiário obrigado a trabalhar de graça

Trata-se de uma obra pública de melhoria habitacional que está sendo construída em todo o Vale, orçada em quase 26 milhões de reais, mas o que não faltam são denúncias de irregularidades nos serviços em vários municípios, principalmente em Piancó, inclusive, desde o começo da construção, meses atrás, quando os próprios beneficiários foram obrigados a custear a limpeza do terreno, como já foi mostrado em reportagem anterior, e agora estão trabalhando de graça como servente de pedreiro ou tendo que pagar o salário desse profissional.

São mais de 800 moradias que estão sendo construídas em grande parte da região, resultado de um convênio entre a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e o Consórcio Intermunicipal de Saúde, comandado pelo prefeito piancoense, que optou por contratar uma única construtora para toda a obra. E exatamente em Piancó onde as denúncias são maiores, com reflexos no rádio e nos jornais eletrônicos.

No bairro Campo Novo, um dos mais pobres de Piancó, dezenas de casas estão sendo construídas, mas a obra tem muito do suor e do sacrifício financeiro dos próprios beneficiários, que deveriam receber as casas prontas sem nenhum custo para eles, mas não é isso o que está acontecendo. De acordo com um pedreiro que não quis se identificar, temendo represália, as pessoas que foram contempladas com as casas precisam trabalhar como servente de pedreiro de graça para a construtora, sob a ameaça de não ter a moradia erguida. “E quem não pode trabalhar, tem que arrumar dinheiro para pagar ao servente, porque a empresa só paga ao pedreiro, e quem não pode trabalhar nem tem dinheiro, fica com a casa parada”, comentou o empregado.

A informação é que muitos idosos e mães solteiras, que não podem trabalhar, estão tomando dinheiro emprestado ou vendendo alguma coisa de casa para custear o salário do servente. A construtora paga somente aos pedreiros, que não têm carteira assinada, nenhum direito trabalhista e recebem um valor prefixado por cada casa erguida. “Eu ganho apenas 3.600 reais pela construção da casa maior, porque a casa menor o dinheiro é menos, e a gente só recebe depois da casa coberta, mas, até agora, já terminei uma e não recebi nada, há muito tempo não sei o que é dinheiro”, comentou o pedreiro.

Temendo perder o benefício, muitas famílias apelam para a mão de obra infantil de filhos e netos, e isso ocorre desde a limpeza do terreno para a construção das moradias, quando os beneficiários também foram obrigados a trabalhar de graça ou custear os serviços com recursos próprios. Nas primeiras denúncias surgidas, a informação é que, estranhamente, um dos diretores da Fusasa foi quem primeiro saiu em defesa da construtora, alegando que as queixas tinham viés políticos e elas nunca foram apuradas responsavelmente pela fundação. Um grupo de vereadores de Piancó também encaminhou denúncia à delegacia da Polícia Federal em Patos, mas, até agora, nenhum resultado.


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