Ricardo agirá rápido e será implacável contra o crime na Paraíba, diz Rômulo

Dois grandes desafios que preocupam o governador eleito Ricardo Coutinho e que merecerão um tratamento de choque são segurança e saúde. E a resposta será imediata, com a compra de armas, viaturas e equipamentos e integração das polícias e ação conjunta com Pernambuco e Rio Grande do Norte para um trabalho específico nas fronteiras. Para o vice-governador eleito Rômulo Gouveia outra preocupação será com a modernização da máquina administrativa para que o Estado possa prestar um melhor serviço à sociedade. Nessa conversa com o Correio, Rômulo disse que a aliança que elegeu Ricardo será duradoura porque foi feita a partir de compromissos com a Paraíba, que o governador não terá problemas com a Assembleia e que o conceito de política no Estado vai mudar com o estabelecimento de novas relações.

A entrevista
- Que avaliação o senhor faz da reunião do governador eleito, Ricardo Coutinho, com os deputados federais e senadores para discutir as emendas de bancada?
- O saldo foi muito positivo. A bancada tem correspondido com o Estado tem aprovado emendas. Mas o diferencial com Ricardo foi que menos de 30 dias do resultado das eleições, houve um desprendimento de todos.

- Como foram as negociações?
- Fiz em nome do governador eleito contato com todos os deputados federais e senadores. Não encontrei qualquer rejeição. Todos estão imbuídos do propósito, não só de ajudar o Estado, como ajudar a Prefeitura de João Pessoa e a de Campina Grande. Foi também uma reunião de distensão e de compromisso com o futuro da Paraíba.

- Das emendas de bancada, quais são os estaques?
- Primeiro a continuidade das obras, que é uma preocupação do governador Ricardo. Por outro lado, outra preocupação do governador eleito é distribuir o orçamento no Estado como o todo, e não apenas com João Pessoa e Campina.

- Chegou a hora de mudança dos costumes e das relações políticas na Paraíba?
- O resultado eleitoral mostra que o governador Ricardo conseguiu mudar esse conceito na administração pública. Ele não é uma promessa, mas uma realidade, porque conseguiu fazer em João Pessoa e criar expectativa de que pode fazer pela Paraíba. É um modelo de administrar com comprometimento, com resultados e avaliação. Nós nos elegemos quebrando paradigmas por causa da força do poço e dos projetos apresentados. Nossa expectativa é mudar esses conceitos para não frustrar os paraibanos.

- Que experiências o senhor vai levar do Legislativo para o Executivo?
- Eu e Ricardo somos oriundos do Legislativo. Fomos vereadores e deputados estaduais, com Ricardo tendo uma experiência no Executivo e eu de deputado federa, além da experiência executiva de presidir a Câmara de Campina e a Assembléia. Também tive um aprendizado importante no Congresso. Espero poder ajudar. Qualquer atividade que venha a exercer vou exercê-la por delegação do governador.

- Já recebeu alguma delegação especial?
-Ele já me delegou a relação com a bancada federal e o acompanhamento do orçamento da União. Também a relação com a Assembleia Legislativa.

- O papel do vice terá uma nova dimensão?
- Acredito que sim. A única que coisa que pedi ao governador quando aceitei o convite honroso para ser seu vice foi de que eu não fosse uma figura decorativa, até porque não é meu perfil.

- Quais são os desafios que o senhor imagina terão que ser enfrentados a partir de janeiro?
- Um deles é modernizar a máquina administrativa para que o serviço público possa oferecer o melhor para a sociedade. Será uma luta aproximar o governo da sociedade, experiência que foi exitosa no governo Ricardo em João Pessoa, através do orçamento participativo. Levaremos essa prática para o Estado inteiro, principalmente para os rincões mais distantes.

- Como será essa modernização administrativa a que o senhor se referiu?
- A grande dificuldade nossa hoje é informação. Tivemos com o governador numa visita protocolar. Estamos sem dados. O que temos, a partir de informações do Tribunal de Contas, e extra-oficiais mostram o comprometimento da folha passando os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, das dificuldades da Cagepa e questões trabalhistas da Emater. Todas essas questões precisam de uma solução de equilíbrio financeiro.

- Como a questão tecnológica será tratada na modernização?
- Não tenha dúvida de que a tecnologia, a transparência da coisa pública, o acesso mais rápido, a informatização serão perseguidas. Estamos num Estado onde há referência tecnológica no Parque Tecnológico de Campina Grande das universidades. A própria UEPB deverá ser um instrumento de capacitação dos nossos funcionários.

-Como será essa capacitação, esse compromisso com os servidores?
- Precisamos valorizar o funcionalismo. Já há um compromisso do governador Ricardo em rever os planos de cargos, carreiras e salariais, respeitar política salarial. Mas tudo isso só será possível com equilíbrio financeiro e com o apoio da sociedade como um todo. É preciso que a população e os servidores dêem um crédito de confiança para se poder organizar e gerar resultados.

- Que outras áreas representam desafios para o novo governo?
- A segurança pública e a saúde. O governador teme a vai apresentar projetos especiais para essas áreas. Além de equipamentos e viaturas, teremos integração das polícias, com os outros Estados para conter a invasão a partir de nossas fronteiras. É preciso uma articulação com Pernambuco e Rio Grande do Norte, com a Polícia Federal para se conseguir o grande desafio que é reduzir a criminalidade.

-Qual será o tom do governo com relação à violência?
- O governador tem dito que será implacável com a criminalidade. E a Paraíba conhece o estilo e a coragem do governador Ricardo Coutinho.

- No setor de saúde, quais são os desafios?
- Na saúde o que precisa ocorrer em primeiro lugar é a aprovação da Emenda 29, porque hoje os municípios e Estados cumprem os percentuais constitucionais de aplicação e a União sem o mínimo comprometimento.

- Como o senhor vê as discussões em torno de uma nova CPMF?
- Primeiro, quando a CPMF existia, a destinação para a Saúde era mínima. É uma questão de gestão e a União tem como socorrer, como tirar a Saúde da UTI sem criar um novo imposto. Dos recursos da CPMF, apenas 18% eram destinados à Saúde, portanto não é uma questão de mais tributos, mas de gestão.

- No cenário nacional, quais são os grandes desafios do novo governo?
- A nova presidente terá dois grandes desafios: a reforma política e da reforma tributária. Não vejo necessidade de criação de novos tributos antes da reforma tributária. A população não agüenta mais impostos.

- Há condições políticas para se aprovar essas reformas?
-Acredito que se a nova presidente não enviar propostas para o Congresso nós podemos comprometer o País no futuro. Temos que garantir a governabilidade. Até a eleição de uma mulher, pela primeira vez, para a Presidência, mostra maturidade política. Nossa expectativa é de que a presidente eleita acerte. Lula tinha maioria na Câmara, mas minoria no Senado. Dilma terá maioria na Câmara e no Senado.

- A oposição permitirá as reformas?
- Tenho certeza que as oposições não se negarão a contribuir para as reformas que o País precisa.

- Voltando ao cenário paraibano, o senhor voltará a disputar a prefeitura de Campina Grande?
-Não tenha dúvidas de que Campina é maior e todo filho da cidade sonha e deseja ser prefeito da cidade. A cidade não me elegeu prefeito por muito pouco por duas vezes, mas me elegeu para voos mais altos, como deputado federal e agora para vice-governador. Não tenho do que reclamar. E ajudo Campina independente de ser prefeito.

- Embora o prefeito Veneziano tenha dado declarações cobrando do senhor mais feitos por Campina?
- Tenho obrigação de respeitar o momento difícil que o prefeito Veneziano está passando. Está com desencontro de governo, com crise com o vice-prefeito, com o resultado eleitoral totalmente adverso nas urnas, o desequilíbrio financeiro do município, a descontinuidade de obras. Seria deselegante para fazer qualquer tipo de comentário. Agora honrei o mandato na Câmara não só conseguindo recursos e projetos para Campina, mas para todo o Estado, afinal fui votado em 217 municípios.

- Que balanço o senhor faz da atuação como deputado federal?
- Vou encerrar meu mandato entre os dez parlamentares do Congresso relando o orçamento geral da União, na área de Turismo, Fazenda e Desenvolvimento. Nessa relatoria vou ajudar a Paraíba e a Campina Grande. E vou encerrar o mandato como membro da Conferência Climática que será realizada na Cidade do México. Recebi o comunicado do próprio presidente da Câmara Federal e vice-presidente eleito, Michel Temer.

- Como será a relação do governador eleito com a Assembleia, sem maioria?
- A maioria será construída em torno da Paraíba. Por outro lado, em termos de distribuição de cadeiras, já estamos muito próximos da maioria. Nossa coligação elegeu 16 deputados. Há uma articulação pessoal do governador para o apoio da bancada do PT.

- Será possível o apoio do PT?
- Acredito que sim pela postura correta do governador eleito em relação à disputa nacional. As brigas se encerraram no dia 31 de outubro. Está todo mundo desarmado, no sentimento de unidade pró-Paraíba. Não vejo dificuldade em construir a maioria. E a relação que vamos estabelecer com a oposição será respeitosa.

- Essa coligação que elegeu o governador Ricardo Coutinho se sustentará politicamente?
- Essa coligação se sustentará porque não temos posições divergentes. Quando estabelecemos essa aliança, não o fizemos por projetos pessoais, portanto não haverá dificuldades. Não houve condicionamentos pessoais. O compromisso é com a Paraíba. O povo decidiu e o comando político está com o governador Ricardo Coutinho e no processo de reeleição, com os resultados do governo, será natural que o governador se consolide para mais 4 anos.

- O desafio então será administrativo e não político?
- Desafio político o governador Ricardo Coutinho não terá. O governador me conhece, esteve comigo na Assembléia e sabe que os compromissos que assumo eu cumpro. Da minha parte, da parte do senador Cássio, nosso compromisso é garantir a governabilidade.

- Que lições devem ser tiradas das eleições?
-Pela primeira vez filhos de pessoas humildes, sem força econômica venceram a eleição. Quebramos oligarquias. Foi a força do povo e a força de Deus.

Do Jornal CORREIO

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